Considerações sobre gravidez e parto na Medicina do Século XVI
Resumo
Considerações sobre gravidez e parto na Medicina do Século XVI
Isilda Teixeira Rodrigues, Professora Auxiliar, Departamento de Educação e Psicologia,
Universidade de Trás-os-Montes Alto Douro-UTAD, Vila Real, Portugal, isilda@utad.pt
Investigadora do Centro de História e Filosofia da Ciência - CEHFC
Palavras Chave: Gravidez, Parto, Centúrias, Amato Lusitano
Introdução
Os processos para diagnóstico da gravidez e as problemáticas associadas ao parto são muito antigos, com registos conhecidos desde o tempo do Antigo Egipto e da Babilónia. Considerava-se, por exemplo, que o corpo da mulher estava organizado como um vaso permeável, em relação ao exterior, e ainda de que a boca e o sexo comunicam directamente. Estes pensamentos continuaram a ser preconizados, até ao Século XVI, estando patentes nos trabalhos de variados médicos da época, nomeadamente nas Centúrias1, do médico português, Amato Lusitano (1511-1568).
O estudo que aqui apresentamos tem como principal objectivo, analisar nas Centúrias, de Amato Lusitano, as problemáticas especificamente associadas à gravidez e ao parto. Para este estudo recorremos, em termos metodológicos, à análise de conteúdo, utilizando para recolha de dados a edição portuguesa das “Sete Centúrias de Curas Medicinais”, publicada pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, em 1980.
Resultados e Discussão
Ao longo das Centúrias, são muitos os casos, que Amato descreve relativos á gravidez e ao parto, revelando um particular interesse pelas problemáticas a estes associadas. Embora registe observações que enriquecem conhecimentos renascentistas é nítido que muitos dos seus pressupostos, neste domínio, continuam a ser os da Medicina Clássica. Considera que ambos os sexos contribuem em igual medida para a concepção, sendo o esperma a semente do homem e os fluidos vaginais a semente da mulher. Quando passa da teoria para a observação, traz-nos para a vanguarda descrições anatómicas pormenorizadas e inovadoras dos órgãos genitais da mulher. Possui também um conhecimento detalhado do desenvolvimento e da alimentação embrionários e ainda das principais doenças que afectam as grávidas, onde, combina observações empíricas inovadoras com os pressupostos herdados da Medicina Clássica.
Conclusões
Fundamenta os aspectos essenciais das ideias que apresenta nas teorias hipocráticas/galénicas, com as suas ligações inevitáveis à teoria humoral. No entanto, a nível anatómico, vai acumulando observações inovadoras, quase caso a caso. Note-se, também, a frequência com que recorre a novos remédios, sobre os quais tem o cuidado de fornecer instruções precisas, bem como a técnicas e instrumentos novos para ajudar no parto ou para tratar algumas das doenças das grávidas.
Referências e Notas